terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Tunísia, Egito... Brasil?


         As recentes revoltas no mundo árabe mostram uma juventude descontente com o sistema, o desemprego, a corrupção, entre outros aspectos. Porém, há de se definirem alguns critérios para poder entender alguns motivos dessa revolta popular:
·         No mundo árabe, os jovens tem motivação para a participação: apesar da grande cruzada que a imprensa oficial (Veja, Globo, CNN, BBC, etc.) fala da repressão que há nos povos árabes, lá os jovens têm interesse sobre o Estado, o funcionamento das instituições. Apesar de, em muitos locais não existir o voto, eles conhecem a estrutura do poder, principalmente pelo fato da religião estar ligada.
·         A aproximação com o Ocidente é grande parte da queda das ditaduras: países como o Egito, a Tunísia, o Bahrein, são países com forte influência do capital estrangeiro e também de turistas, que disseminam ideias novas. Muitas ideias são questionadoras, e, com o advento da internet, não há como parar de difundir o pensamento.
·         A religião, apesar de em muitos casos ser repressora, é fundamental na análise social: fé e vida se entrelaçam nos povos árabes. O Islamismo é uma religião que define critérios para a vida em comunidade. Não há como fugir. Ela é um modo de unir comunidades.
Os povos árabes passam por uma grande mudança. Questionam governos que, um dia, foram sua salvação frente a outros modelos de repressão. Porém, o desemprego em índices astronômicos e os mecanismos de controle do Estado, típico de um mesmo governo que fica muito tempo no poder, fazem com que o povo se revolte com seus protetores. Não há mais meio termo.
A maioria dos rostos nas passeatas são de jovens. Jovens comprometidos. Jovens que não estão mudando a História. Eles são a História.

Nosso povo brasileiro tem uma história de luta semelhante. Na época da Ditadura Militar, muitos foram aqueles que, nas ruas, pediam o fim da repressão, o fim da censura, o fim da violência. Porém, a Ditadura acabou, e parece que a ignorância começou. Elegemos pelo voto direto antigos nomes ligados ao regime Militar. O governo brasileiro deu um exemplo de como não fazer Direitos Humanos ao se calar sobre os desaparecidos políticos e dar anistia também aos torturadores.
Os jovens do Brasil, em sua grande maioria, são atraídos por futilidades apresentadas na mídia oficial, bem como de um sonho de consumo que, exageradamente, já os está devorando intelectualmente. Não pensam, não refletem, não questionam. Poucos jovens se interessam pela política local, e logo, aos 16 anos, devem votar, sem ao menos ter noção de seu papel cidadão.
Louvo a cidadania do povo árabe! Choro a não cidadania dos jovens brasileiros! Somente vamos vencer a corrupção e o descaso com as instituições públicas por parte de políticos nefastos se tomar urgentemente uma consciência de mudança em nossa sociedade! Como operar isso? Como vencer a futilidade promovida por programas de baixa qualidade intelectual? Os jovens brasileiros estão realmente prontos para uma consciência crítica à semelhança dos povos árabes?
             Allahu Akbar (الله أكبرDeus é grande!)



4 comentários:

  1. Concordo, o povo Brasileiro ainda tem muito que aprender, corrupção é algo que não temos só no brasil, mas no brasil, eu acho que é um dos lugares onde o nível de corrupção ainda é muito alto, mas nos temos que viver nesse pais, ou pelo menos alguns, porque muitos no futuro irão sair do pais.
    e também tem os igrejas, tem algumas igrejas no Brasil, que meu deus, o que há de corrupção nelas é impressionante
    Obrigado por trazer mais 1 conteúdo muito bom a seu blog.

    Guilherme 9°ano A

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  2. Oi Nahor
    Sempre temo a ligação entre Estado e religião. O ponto crítico dessa ligação é que a religião, quer queira quer não, sempre vai chegar no dogma, ou seja, num ponto que não está aberto à discussão. Todavia, democracia só acontece quando os cidadãos discutem em "praça pública" os rumos da sociedade e do Estado. Aí que eu pergunto: como conciliar valores alguns valores irrevogáveis defendidos por religiões e um princípio caro da à democracia, a saber, que tudo está passível de discussão. Talvez exemplos como o Irã e a Turquia possam ajudar na reflexão.
    Abraço do teu colega de filosofia :D

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  3. Palloma Nayra Pasiani 2ºEM-A26 de fevereiro de 2011 às 12:36

    A revolta dos jovens do mundo árabe mostra que ainda a tempo de mudanças e de melhorias, basta que saiamos da ‘zona do conforto’, descruzemos os braços e façamos nossa luta.
    Já se é tempo de a população brasileira acordar para realidade, sair da ilusão do mundo que a mídia nos apresenta para que possamos enxergar como realmente está nosso país.
    Crianças passam fome, mulheres sofrem violência doméstica, o preconceito racial e social está espalhado e ainda assim continuamos calados vendo políticos corruptos empurrando o Brasil para o abismo, aceitamos os erros como se isso fosse o correto, esquecemos o que podemos conquistar se resolvermos nos movimentar, os “Caras Pintadas” são um excelente exemplo da participação dos jovens surtindo efeito na política brasileira, mas hoje isso parece tão distante. Já chega de votos no escuro, vamos procurar quem melhor nos represente e vamos ter uma participação ativa nessa sociedade que nada mais é do que nós mesmos.

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