terça-feira, 23 de junho de 2015

Sexo, religião e costumes - artigo de Pe. Zezinho, SCJ

          
             A realidade dos heterossexuais, dos gays, dos homossexuais e das lésbicas é mais do que uma questão. São muitas questões.
            Na humanidade, desde que apareceu esta forma de desejo e de afeto, todos, sem exceção de ninguém, tiveram que se posicionar. Este afeto existia. E não era possível reduzir o fato à prostituição , desvio da natureza, ou sem vergonhice.
            A maioria não escolheu, desde a adolescência ou juventude enveredar em direção do mesmo leito. Gostaram de uma pessoa do mesmo sexo e encontraram correspondência. Até porque quem não sente desejos por alguém do mesmo sexo dificilmente compreende o universo desses irmãos e irmãs. É outro outro tipo de afeto.
            O drama dos pregadores de religião é saber onde colocar o amor de Deus e do amor por Deus num coração que absolutamente não sente, nem desejo, nem vontade de amar conjugalmente alguém do outro sexo. Podem até dividir o mesmo espaço, a mesma mesa, mas não o mesmo leito.
            O que o Papa Francisco e outros estudiosos de comportamento humano estão dizendo -e há centenas de estudos sobre sexo, desejo e afeto- é que não se pode jogar todo mundo no mesmo caldeirão ou balaio. A noção de pecado passa pelo querer, mas passa também pelo diálogo e pela caridade.
            Uma coisa é o que as novelas e revistas sensacionalistas mostram, e outra é o que psicólogos e sacerdotes sabem sobre a dor de amar sem poder amar ou amar sem querer amar.
            Ninguém chega a nenhuma conclusão socando comportamento nas pessoas. Houve quem optou por não se entregar a tais afetos. E há muitos que decidem não lutar contra o que sentem .
            Os pregadores e conselheiros precisam de bom conhecimento de Teologia Moral, de Psicologia e às vezes de Psiquiatria porque muitos se desequilibram, tanto quanto héteros também se desequilibram ao perder o homem ou a mulher desejada.
            Não custa pedir ajuda a quem sabe mais. Não são leprosos morais e Deus os ama, embora não concordemos com sua maneira de amar. Mas quem disse que entendemos todas as dores de uma alma? A nós que temos outra visão de sexualidade cabe dialogar se quiserem diálogo. Se não quiserem mesmo assim não temos o direito de ferí-los.
            Que eles saibam que não pensamos do mesmo jeito, mas também que não seremos atiradores de pedras. São nossos irmãos e irmãs que sabem que temos outro jeito de ver o afeto, o amor e a vida.


Pe. José Fernandes de Oliveira, o Pe. Zezinho, é sacerdote da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus (dehonianos). Cantor e compositor. Reside em Taubaté-SP.


2 comentários:

  1. Um texto autoexplicativo, indicado tanto para leigos quanto para doutores!

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  2. " A dor de amar sem poder amar ou amar sem querer amar."
    Ótima citação, Júnior.

    Ótimo texto!

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